Dia sem Impostos = Dia sem Cidadania?
As entidades ligadas à área tributária que integram o Pacto de Brasília – Anafisco, Anfip, Febrafisco, Fenafim, Fenafisco, Sindifisco, Sindireceita e Unafisco – assinaram um manifesto onde alertam para o serviço de desinformação prestado pela campanha Dia Livre de Impostos, que comparam a “uma espécie de Black Friday de promoção de indignidade à cidadania”.
“Um dos kits promocionais estampa um posto de gasolina vendendo o produto com valor mais baixo que o praticado. As entidades realmente compromissadas com o bem-estar social precisam advertir a população que, se essa distopia da ausência de tributos se concretizasse, o veículo abastecido sequer poderia trafegar com esse combustível adquirido com desconto, já que necessitaria de vias públicas e estas existem porque são um dos inúmeros benefícios que existem por causa dos impostos”, adverte o manifesto.
A ideia do Estado mínimo está por trás do Dia Livre de Impostos. Mas nem tudo é negativo: a campanha chama a atenção para o alto valor bancado pelos brasileiros, que não percebem o quanto pagam. E a grande distorção é que quem menos pode, mais paga. Estudos citados pelo economista João Carlos Medeiros Madail revelam que a parcela de 10% dos mais pobres compromete o equivalente a 21,2% da renda com o que se chama “tributos indiretos”. Já os 10% mais ricos desembolsam apenas 7,8% da renda com a mesma finalidade.
Complementa o manifesto do Pacto de Brasília: “A campanha promocional desinforma e desvia da verdadeira questão tributária brasileira que é a anomalia da solidariedade arrecadatória: nosso sistema tributário vigente faz com que os impostos sejam mais arrecadados pelos mais pobres que pelos mais ricos, diferente do que acontece em países mais desenvolvidos e menos desiguais que o nosso.”
